Pecuária regenerativa
O pastoreio estratégico é uma técnica pouco conhecida no Chile que procura, através de métodos de pastoreio de animais herbívoros, cuidar, conservar e melhorar a produtividade do solo, bem como o bem-estar do animal.
Em linhas gerais, consiste em movimentar os animais estrategicamente, de modo a respeitar os tempos da natureza e o crescimento das plantas, que são o alimento que precisam para se alimentar.
A Explora tem 30 cavalos na Reserva de Conservação Torres del Paine, e foi em janeiro deste ano que começou a ser aplicado este tipo de pastoreio. Os planos são elaborados em função de muitos fatores, como qualidade do solo, número de animais, pessoal disponível, tipos e número de cercas, entre outros.
SEUS INÍCIOS
Na década de 1960, o biólogo e agricultor Allan Savory apresentou a ideia de que o bom manejo do gado deveria se basear na imitação do comportamento dos antigos rebanhos selvagens. Foi assim que ele desenvolveu um sistema de planejamento que ajuda tanto os pecuaristas quanto os agricultores a gerenciar melhor os recursos agrícolas para colher de forma sustentável e regenerativa.
Em 2009, criou o Savory Institute para acelerar o processo de pastoreio regenerativo em todo o mundo através do apoio de uma rede internacional de líderes e empreendedores inovadores, empenhados em servir as suas regiões com os mais elevados padrões de formação e apoio para a implementação deste plano.
MÃOS À OBRA
Romina Da Pieve, Subgerente de Reservas de Conservação da Explora, explicou que, juntamente com Gaela Hourcq, chefe dos estábulos da Explora, uma das razões para a adoção deste plano e que está em linha com o compromisso da empresa de conservar os locais onde se encontra, é que os mesmos cavalos que ali fossem encontrados poderiam ser usados para melhorar o solo, pois quando estavam livres, muitas vezes iam para bofedales (zonas úmidas) e pisavam em ovos de outros animais ou se alimentavam muito em uma área, fazendo com que as plantas não voltaram a crescer. Por isso, o apoio e a predisposição da equipe dos estábulos de Torres del Paine para implementar esta técnica, que é nova para todos, foi essencial.
“Consultamos José Manuel Gortazar, proprietário do Fundo Panguilemu – que promove um modelo agroalimentar focado na produção sustentável e responsável – e nos certificamos com Efecto Manada, que são os representantes no Chile do Savory Institute. Instalamos medidores que nos ajudam a medir o estado do solo em três aspectos: biodiversidade, cobertura e carbono do solo”, comentou a Subgerente de Reservas de Conservação da Explora.
A Explora está atualmente executando o segundo plano de pastagem. Ele é planejado duas vezes por ano, uma para a temporada de inverno e outra para a temporada de verão. Em março de 2023, espera-se ter os primeiros dados que demonstrem os benefícios do trabalho realizado.
Romina Da Pieve explicou que todo o trabalho é feito por os cavalos, onde o terreno e dividido em 16 campos cercados, pois assim é garantido o tempo de descanso que as plantas precisam para voltar a crescer.
Logo, o cavalo com suas deposições pisa o chão misturando tudo com a terra, onde as pegadas também fazem o solo arejar para seu benefício e que ele possa descansar da melhor maneira até chegar a próxima temporada, onde será encontrado mais fértil e saudável do que quando o deixaram.
Um dos principais problemas do solo no Parque Nacional Torres del Paine é que, por um lado, há sobre pastoreio e por outro, excesso de descanso. “As plantas que resistiram ao sobre pastoreio cresceram e, como ninguém as comeu devido à falta de herbívoros na área, apodreceram. Temos muito material seco que se torna uma ameaça de incêndio. Além disso, no processo de decomposição, por falta de herbívoros, as plantas geram gás metano que contribui para os gases de efeito estufa”, explicou a Subgerente de Reservas de Conservação da Explora.
Na Explora acreditamos que este piloto também pode servir de aprendizado para nossos vizinhos, que convidamos para participar de palestras e com quem compartilharemos os resultados e aprendizados.